08 May 2019 07:33
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<p>O Grupo Globo divulgará nesse domingo os seus novos princípios editoriais. Na prática, um guia pra regular o comportamento de seus jornalistas nas mídias sociais. A organização quer que os jornalistas tenham um padrão de comportamento na internet que não coloque em risco o que a todo o momento foi muito caro ao discurso histórico do grupo: a isenção. As frases “isenção” e “isento” foram escritas 16 vezes no editorial de página inteira assinado por João Roberto Marinho, presidente do Conselho Editorial. A proporção influencia todos os que trabalham em lugares como Tv Globo, jornais O Globo e Extra, rádio CBN, revistas da Editora Globo (como a Época), e G1.</p>
<p>A ideia, segundo texto assinado por Marinho ao qual tivemos acesso, é “tentar ao máximo nos despir de tudo aquilo que possa pôr em dúvida a nossa isenção”. De acordo com o documento, o grupo considera toda mídia social potencialmente pública - mesmo que artigos estejam restritas apenas aos amigos em grupos fechados como o WhatsApp. O susto é o vazamento de prints que possam comprometer o repórter e, então, “inabilitá-lo” a exercer o jornalismo.</p>

<p>“Isso não é admissível, uma vez que a isenção é o principal pilar do jornalismo. Perder a reputação de que é isento inabilita o jornalista que se dedica a reportagens a realizar o seu trabalho”, diz o texto. Compartilhar opiniões privadas entre amigos no WhatsApp? Só se o jornalista tiver uma vaga “confiança absoluta” no interlocutor. Ele passa a ser responsável pelas atitudes de terceiros. No texto de exibição às recentes regras, Marinho diz que está apenas fazendo “recomendações”.</p>
<p>É a única vez que a frase aparece pela página. Prontamente a palavra “deve” aparece vince e seis vezes, na maioria delas em feitio impositivo. “Sei que não é preciso, todavia dou neste local um ou dois exemplos”, escreve Marinho. Não que o jornalista deva se abster de investir em bolsa (uma atividade privada), no entanto que ele necessita notabilizar em seu perfil público em quais companhias investe.</p>
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<p>Mais do que bloquear comportamentos que interferem na existência pessoal do jornalista, o projeto quer apostar em transparência. O texto mistura apoiar um candidato político com apoiar uma ideia ou uma tese, e quer controlar até mesmo os likes dos funcionários. “Esses jornalistas não devem nunca se pôr como porção do debate político e ideológico, muito menos com intenção de favorecer para a vitória ou a derrota de uma tese, uma proporção que divida opiniões, um propósito em briga. Isso acrescenta endossar ou, na linguagem das mídias sociais, “curtir” publicações ou eventos de terceiros que participem da disputa político-partidária ou de ideias.” O jornalista é contra a pena de morte?</p>
<p>Não poderá curtir um post sobre isto. Treze Sugestões Para Ganhar Milhares De (SEGUIDORES NO TWITTER) o término da competição às drogas? Silêncio. É contra a corrupção? Acredita em aquecimento global? Quer mais cotas nas universidades? O comunicado diferencia reportagem de colunas, e permite aos colunistas que continuem emitindo opinião. Como vai funcionar em casos como o de Alexandre Garcia, por exemplo, que frequentemente senta na bancada do Jornal Nacional, não como comentarista, porém como apresentador?</p>
<p>Ele poderá acompanhar no Twitter debochando da morte de mulheres, falando “Eu eu com isso? ” ao conversar um estupro, ironizando uma mãe brasileira que foi separada do filho pela imigração dos Estados unidos ou escrevendo que o término da contribuição sindical obrigatória é afim de terminar com os “pelegos”? Sem entrar no mérito de tuas opiniões, todos esses tópicos são cobertos pelo Grupo Globo. Duas frases podem sintetizar o norte filosófico por trás da carta: “O jornalista do Grupo Globo, sem exceção, não podes, por óbvio, criticar colegas de tuas redações ou de redações de competidores nas redes sociais.</p>
<p>O crítico acaba sempre por se encurtar diante do público.” É a interdição do debate de ideias e, principlamente, O defeito Não é Que Rihanna Esteja "gorda"; A dificuldade é A Gordofobia de que ser um jornalista crítico - e poder criticar republicanamente os colegas - é ser um jornalista pequeno. Prazeroso mesmo é treinar a domesticação. As regras bem como abarcam temas prosaicos. “O jornalista tem que impossibilitar criticar hotéis, marcas, empresas, restaurantes, produtos, companhias aéreas etc., mesmo que tenha tido uma má experiência”. Em caso de incerteza sobre isto publicar ou não postar, o Grupo Globo é taxativo: “A única solução é consultar a chefia”.</p>
<p>Se o cidadão foi sacaneado por uma empresa de telefonia ou de plano de saúde, é de excelente tom consultar o chefe afim de saber se poderá ficar publicamente indignado. Jornalistas do grupo que conversaram conosco ao longo do Congresso da Abraji, que ocorre nesse desfecho de semana em São Paulo, se mostraram, em geral, indignados.</p>